A importância da pesquisa salarial — e por que muitas empresas ainda relutam em participar
Em um cenário corporativo cada vez mais competitivo, a gestão da remuneração é um dos pilares estratégicos para atração, retenção e engajamento de talentos. Nesse contexto, a pesquisa salarial é uma das ferramentas mais valiosas à disposição das áreas de Recursos Humanos e Remuneração. Ainda assim, é curioso observar que, mesmo reconhecendo sua importância, muitas empresas resistem em participar ou responder às pesquisas salariais.
Neste artigo, vamos explorar por que a pesquisa salarial é tão essencial, as principais razões para a baixa adesão das empresas e o paralelo entre o uso de pesquisas customizadas e bancos de dados prontos.
A importância da pesquisa salarial
A pesquisa salarial fornece informações estruturadas e confiáveis sobre as práticas de remuneração do mercado, permitindo que as empresas:
- Avaliem a competitividade de suas faixas salariais e benefícios;
- Tomem decisões embasadas sobre reajustes, promoções e políticas salariais;
- Apoiem a definição de estratégias de atração e retenção de profissionais;
- Evitem distorções internas e riscos trabalhistas decorrentes de discrepâncias salariais.
Em suma, ela transforma percepções em dados concretos, permitindo uma gestão mais justa, estratégica e alinhada às práticas do mercado.
Por que as empresas ainda relutam em responder?
Mesmo cientes desses benefícios, muitas organizações não colaboram ativamente com pesquisas salariais — e as razões vão desde fatores culturais até operacionais:
- Falta de tempo e estrutura: o envio de informações detalhadas exige dedicação e precisão, o que muitas empresas não conseguem priorizar, especialmente em estruturas enxutas de RH.
- Preocupações com confidencialidade: há receio de expor dados sensíveis, mesmo quando as consultorias garantem anonimato e sigilo absoluto.
- Desconhecimento sobre o retorno: muitas organizações não compreendem o valor prático da devolutiva da pesquisa, enxergando-a como um esforço sem contrapartida.
- Cultura de pouca transparência: em algumas empresas, discutir remuneração ainda é um tema “delicado”, o que limita a disposição em compartilhar informações.
- Acesso a bancos de dados prontos: com o avanço das plataformas digitais, algumas empresas preferem comprar acesso a bancos de dados já disponíveis, acreditando ser um caminho mais rápido — embora nem sempre mais preciso.
Pesquisa customizada x banco de dados pronto
Ambos os formatos têm seu valor, mas é fundamental compreender as diferenças e implicações de cada abordagem:
Pesquisa customizada
- Alta precisão e aderência: os cargos, segmentos e regiões avaliados são definidos conforme a realidade da empresa.
- Análises comparativas específicas: permite entender como a organização se posiciona frente ao mercado-alvo real — e não um conjunto genérico de empresas.
- Maior credibilidade: os dados são coletados diretamente das fontes participantes, com validação técnica e consistência.
Em contrapartida, a pesquisa customizada exige maior tempo de execução e participação ativa das empresas respondentes.
Banco de dados pronto
- Acesso imediato a informações de remuneração por cargo, setor e localização;
- Custo e prazo reduzidos, pois não depende de coleta específica;
- Boa referência para decisões rápidas, especialmente em empresas menores.
No entanto, o banco de dados pronto pode não refletir fielmente a realidade da empresa — seja por diferenças de porte, complexidade dos cargos ou região geográfica. Além disso, a atualização e o grau de confiabilidade variam conforme a fonte.
A pesquisa salarial continua sendo um instrumento estratégico e indispensável na gestão de remuneração. Ela oferece a segurança necessária para alinhar práticas internas ao mercado e tomar decisões salariais justas, sustentáveis e competitivas.
Contudo, para que o mercado tenha acesso a dados cada vez mais robustos e representativos, é fundamental que as empresas participem ativamente das pesquisas.
Responder não é apenas contribuir para um banco de dados — é investir em inteligência de remuneração e fortalecer a credibilidade das próprias práticas internas.
Em um mundo onde dados são a nova moeda, quem compartilha informação de forma ética e estratégica não apenas recebe conhecimento em troca — mas ganha poder de decisão.